domingo, 13 de março de 2011

Não estou à rasca mas...

... estou solidária com o protesto da Geração à Rasca. Inicialmente até achei que era imoral da minha parte ir a este protesto uma vez que tenho emprego, não sou trabalhadora precária e até tenho um ordenado um "bocadito" superior a 500 euros. No entanto não posso deixar de me sentir solidária com quem tem razões pessoais para protestar.
Quando pensámos em passar pelo Marquês de Pombal, a ideia era só ir ver o ambiente mas, uma vez lá, senti fervilhar os meus genes revolucionários (pai e avós de esquerda dão nisto) e desci com o meu namorado a Avenida da Liberdade até ao Rossio. Nunca antes tinha estado numa manifestação embora tenha feito greve pelo fim da PGA e tenha participado nas RGA's na Faculdade contra as propinas. Desta vez posso dizer que desci a avenida pela minha mãe que, com 60 anos, está prestes a ficar sem emprego, pelo futuro da minha sobrinha, da minha afilhada e do irmão e pelos utentes da minha farmácia que não conseguem comprar todos os medicamentos que precisam. Já agora que este protesto não fique por aqui e que os jovens percebam que a solução não é só apontar o dedo ao que está mal. É preciso intervir, é preciso exercer o direito de voto, é preciso constituir movimentos cívicos e ajudar a construir um país melhor num mundo melhor.

2 comentários:

blue eyes disse...

" e que os jovens percebam que a solução não é só apontar o dedo ao que está mal. É preciso intervir..."
Eu também penso assim... é preciso fazer algo... mas é tão mais fácil só dizer onde dói que encontrar a cura... e os jovens de hoje estão mais habituados a que as coisas aconteçam, que caiam do céu...
a nossa geração teve de lutar, viu manifestações de protesto, greves gerais serem feitas pelos pais, viu fome na porta da casa ao lado, quando não foi na própria casa. A nossa geração é do tempo em que se vestia roupa usada, dada por outras pessoas, e roupa de marca nem sabíamos o que era. A nossa geração acreditava no Pai Natal e punha um sapatinho junto à chaminé, e na manhã de Natal nem sempre havia o presente desajado, ou muitas vezes nem presente havia... A nossa geração viveu tudo isto partilhado com irmãos, e aprendeu que não se pode ter tudo, e que o que se obtém tem de ser com esforço. As gerações que hoje protestam, não sabem o que é não ter água canalizada, máquina de lavar, uma só televisão, uma motorizada em lugar de um carro para o pai, outro para a mãe. Hoje há Tv por cabo em todas as divisões da casa, há um filho por casal, porque se forem dois filhos, não podem ter tudo... Hoje em muitas casas come-se mal, mas só porque tem de haver Tv por cabo, internet, consolas de jogos, um bom carro, e isso é mais importante que o resto. Eu concordaria com o protesto se em vez de queixas se apontassem soluções, se houvessem vozes activas a quererem ser parte da solução... é que os problemas já todos sabemos quais são. Um protesto desta dimensão, há 30 anos atrás deixava os políticos completamente amedrontados, ontem, não fez nem cócegas, e nem com tanto meio de informação, a notícia serviu para destaque. Vai continuar tudo igual.
Sei que eu não sou a pessoa certa para falar, porque nem participei, nem tenho ideias para solucionar o problema, mas sei que com os políticos que temos, não vamos a lado nenhum, e os jovens não querem saber de política, isso dá demasiado trabalho.

Giuseppe Pietrini disse...

Eu tenho a minha modesta opinião também sobre este tema... que expressei aqui:
http://cidadaniarasca.blogspot.com/2011/03/o-protesto-facebook.html

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