quinta-feira, 24 de março de 2011

Dia do aluno que protesta

Ontem ouvi a notícia de que os estudantes da Faculdade de Direito teriam fechado a faculdade a cadeado e também acamparam no relvado em frente da Reitoria da Universidade de Lisboa. Este protesto tem a ver com as regras de atribuição de bolsa aos alunos do Ensino Superior. Este protesto repetiu-se também noutras cidades. Não conheço muito bem a legislação actual embora já tenha percebido, pelas notícias, que este ano a atribuição das bolsas tem tido muitos problemas devido à alteração das regras de atribuição. Inevitavelmente, lembrei-me daquilo que se passou comigo quando estava na faculdade.
Quando entrei para a Faculdade de Farmácia, o meu pai já tinha falecido há 4 anos. Eu e a minha mãe dependiamos do ordenado dela e pouco mais. Como tal, achei que tinha lógica pedir bolsa para nos ajudar a lidar com as despesas. Lá reuni a papelada necessária e fui à entrevista (penso que era com uma assistente social). No mesmo dia foi à entrevista uma colega da mesma faculdade e calhou termos ido as duas à Segurança Social pedir uma declaração que faltava. Pelo caminho fomos falando e ela foi-me contando a vida dela. Passados uns meses lá veio o atribuição da bolsa. O valor que me foi atribuído dava quase para pagar o passe da viagem de autocarro (45 km para lá e mais 45 para cá) que fazia todos os dias. Não era muito mas era uma ajuda. Por curiosidade fui ver o valor da tal colega e era superior ao meu. Naturalmente ela seria mais necessitada poderão pensar.... errado. A tal coleguinha ia de carro para a faculdade, o pai tinha-lhe comprado uma casa nos arredores de Lisboa (a família vivia num dos nossos arquipélagos), o pai era contabilista (por conta própria) e a mãe era doméstica.
Esta história para dizer que alguns estudantes poderão ter razão em protestar mas, ao mesmo tempo, espero que as regras de atribuição de bolsa sirvam para seleccionar bem, e de forma justa, quem precisa de bolsa e que não sirvam apenas para beneficiar o "chico-espertismo" que grassa pelo país.

1 comentário:

Jorge Freitas Soares disse...

Olá

Podia contar várias histórias como a que contas, há imensa gente que tem bolsa porque os pais são profissionais liberais e não pagam os impostos devidos... é a imagem de um país de xicos espertos

Bom fim de semana
Jorge

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