Quando andava pelas minhas deambulações pela blogosfera encontrei este post no blog "Dias úteis" do Pedro Ribeiro. Embora não seja habitual falar da minha vida profissional aqui no blog, este post deu-me vontade de partilhar um pouco do meu dia-a-dia. Eu sou farmacêutica e todos os dias me deparo com esta realidade da solidão. São tantos os idosos, ou até mais novos, para quem ir à farmácia é uma maneira de ter alguém para conversar. Há uma senhora que, cada vez que vai à farmácia, me deixa com o coração apertado. Todas as vezes me conta os mesmos motivos da sua tristeza e do seu desespero e todas as vezes lhe dou as mesmas respostas sem saber que mais hei-de dizer para lhe aliviar o sofrimento. A senhora é pequenina, frágil e trata, praticamente sozinha, de um marido doente e acamado. Sente-se abandonada pelos filhos e por todos. Está à beira do colapso, está muito deprimida e não sei como ninguém se apercebe disso, nem os filhos nem os médicos que a acompanham. Tem o olhar mais triste que já vi e de vez em quando vai desabafar à farmácia. Tem família mas está tão só como aqueles que não a têm. A farmácia parece ser a cura para todos os males. É preciso ter um coração muito grande...
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