As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade
(composição: Jorge Fernando)
Já conhecia este fado cantado por Mariza mas ontem ouvi a Ana Moura e lembrei-me o quanto esta música me toca. Cantam-se as marcas que as pessoas deixam na nossa vida, canta-se as recordações e a nostalgia. Quando começo a ouvir os primeiros acordes começo logo a imaginar essa mulher desesperada, protagonista desta história, que vagueia pela cidade num dia de chuva e cujas lágrimas se misturam com a água da chuva que caí do céu. Mulher desencantada com a vida e com o amor...
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