terça-feira, 18 de maio de 2010

"As luzes brancas de Paris" de Theresa Révay

Esta história é uma história de amor mas vai muito além da simples história que se encontram e apaixonam. Para começar as suas origens são muito diferentes. Xénia Ossoline é russa, Max von Passau é alemão e conhecem-se em Paris. Como pano de fundo á sua história descobrimos os mais marcantes acontecimentos da primeira metade do século XX, a Revolução Bolchevique, a Alta-Costura dos anos 20, a ascenção de Hitler, a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto...

Xénia vê o seu mundo desmoronar devido à Revolução Bolchevique, é obrigada a fugir de Sampetersburgo e a refugiar-se em Paris. A sua vida é uma incansável luta pela sua sobrevivência e da família que lhe resta. Max é filho de um barão e, contra a vontade do pai, torna-se fotógrafo. Mais tarde, quando começa a perseguição aos judeus e a Segunda Guerra Mundial, Max faz parte dos alemães que se juntam à Resistência.

O seu primeiro encontro é em Paris mas reencontram-se em Berlim quando Xénia já é modelo. O amor que vivem é tumultuoso tal como os tempos atribulados que os rodeiam e é cheio de encontros e desencontros. Xénia, oprimida pelo sofrimento que já passou, nunca é capaz de se entregar completamente.

O enquadramento histórico ajuda-nos a perceber o horror da guerra, da xenofobia e do fanatismo.


"- Amo-te, Xénia.
E foi como uma dilaceração no coração da jovem, um soluço abafado, o perpassar de uma asa negra. o amor de um homem é algo de magnífico e de aterrador ao mesmo tempo, pois traz consigo a aspereza da esperança, as dores da infância, o fardo de um passado, as traições e os sonhos não satisfeitos, e todas as miragens, as auroras esperadas, as certezas."

"Auschwitz-Birkenau, Janeiro de 1945

O general soviético Igor kunine avançava pelo meio das planícies e dos pântanos da Alta Silésia sem compreender o espectáculo que se encontrava aos seus olhos. Ninguém o prevenira. Fora o acaso que os conduzira até ali, ele e os seus homens. E sentia a estranha impressão de que o corpo e o espírito se tinham dissociado (...) O seu corpo caminhava entre barracões escuros no meio de uma luz opalescente da qual surgiam seres de olhar vazio, de vestes ás riscas esfarrapadas, descalços, que o observavam sem proferir uma palavra."

1 comentário:

Mimi disse...

Bela descrição para quem ainda não leu o livro.
Este é um livro muito bom, adorei.

Boas Leituras,
Paula Marques

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