domingo, 9 de outubro de 2011

"Nós até devemos estimulá-los a fumar..."

Uma das características de trabalhar numa profissão liberal é pertencer a uma Ordem Profissional. É verdade que se paga quotas para se poder trabalhar mas sempre temos alguém, escolhido pelos seus pares, para nos defender e falar por nós. O Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos é uma pessoa discreta que só fala quando tem algo de importante a dizer (ou pelo menos é quando a comunicação social divulga a sua opinião).
Já os médicos, cujo exercício profissional está intimamente ligado ao exercício da profissão farmacêutica, têm agora um Bastonário perito em declarações polémicas. Aqui há tempos defendia que a «fast-food e outros alimentos não saudáveis como o sal, os hambúrgueres, os venenosos pacotes de batatas fritas e as embalagens de dezenas de variedades de lixo alimentar» deviriam ter um imposto adicional que financiaria o Serviço Nacional de Saúde. Logo se levantaram vozes a favor (alguns nutricionistas) e contra (Bloco de Esquerda e DECO, por exemplo). Agora virou-se para os fumadores. Diz ele que o vício do tabaco é bom para as contas públicas. Até foi mais longe dizendo «Nós até devemos estimulá-los a fumar, porque pagam um imposto elevadíssimo», ajudando as Finanças, e porque, «morrendo em média oito anos mais cedo, recebem menos oito anos de reformas».


Obviamente que o senhor estava a ser irónico embora não tenha dito nenhuma mentira, infelizmente. Quem não apreciou a ironia foi o presidente da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo que ficou muito chocado com estas declarações.


Cá a mim não me choca nada. Mesmo com os sucessivos aumentos do tabaco, continuam a haver muitos fumadores logo o seu contributo para as contas públicas deve ser significativo. Se se investisse mais na prevenção, comparticipando os medicamentos que existem para a desabituação tabágica por exemplo, podia-se diminuir os custos para a saúde com as doenças provocadas pelo vício do tabaco a médio/longo prazo. Podia-se gastar mais de início mas poupava-se mais tarde. Não sei é se alguém se deu ao trabalho de fazer essas contas... ou se interessa fazê-las..


Fonte TSF

3 comentários:

aespumadosdias disse...

Uma boa ideia para ser tratada na próxima reunião do Conselho de Ministros terá dito Vítor Gaspar a ouvir ontem a notícia.

Jorge Freitas Soares disse...

A mim quer-me parecer que o senhor gosta de protagonismo, de aparecer na televisão, quando não tem nada inteligente para dizer, inventa coisas destas.

Gostava de perceber o que tem o senhor a dizer sobre a falta de médicos de família, ou sobre os cortes na saúde... disso ele pouco fala.

É evidente que ninguém faz as contas, há muitos lobys pelo meio a quem não interessa fazer contas

Boa semana
Jorge

Giuseppe Pietrini disse...

Concordo com o bastonário dos médicos e creio mesmo ser disparate subsidiar medicamentos a quem tem plena consciência de que está a prejudicar a sua saúde -quando não mesmo a dos outros, tantas vezes - fumando e sabe tão bem que deve deixar de fumar. E isto vale para todos os outros comportamentos voluntários prejudiciais, tais como alcoolismo, obesidade mórbida, etc... isto, ressalvo, mais uma vez, se forem efectivamente comportamentos voluntários e plenamente conscientes do seu carácter prejudicial.

Para que hei-de eu e todos estarmos a subsidiar com os nossos impostos a cura de quem não se quer curar?...

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