terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Veto presidencial

O Presidente da República vetou, pela primeira vez, um diploma do Governo. Com esta declaração, no site da Presidência da República, o Presidente apresentou as suas justificações para vetar o diploma sobre prescrição de medicamentos que prevê a obrigatoriedade de indicação do nome genérico e, também, a obrigatoriedade da prescrição electrónica. O Presidente diz que recebeu cartas e pareceres que o levaram a vetar este diploma. É de lamentar que não tenha pedido o parecer da Ordem dos Farmacêuticos (OF) e, já agora, também não percebo porque é que o Bastonário da OF só agora vá pedir uma audiência, com carácter de urgência. Se calhar já o devia ter feito. A aprovação deste diploma não implicaria a alteração sistemática dos medicamentos genéricos. Há que confiar no bom senso dos farmacêuticos. Quando o doente é analfabeto e só identifica o medicamento pela cor da caixinha, é natural que se vá mantendo sempre o mesmo genérico. Agora a verdade é que este diploma resolveria muitos problemas, por exemplo quando os medicamentos estão esgotados.
Os farmacêuticos são profissionais de saúde com formação superior e perfeitamente preparados para aplicar esta medida. Nenhum profissional de saúde conhece melhor o medicamento do que o farmacêutico. O estudante de medicina aprende a fazer diagnóstico e aprende que para aquele diagnóstico é indicada aquela substância activa, sem referência a marcas.
Numa das reportagens que vi esta noite havia uma senhora que dizia que o médico é que conhecia bem doente e então por isso é que o farmacêutico não deveria substituir por genérico na farmácia. Tenho a dizer que, na urgência, o médico não conhece, de todo, aquele doente, muitas vezes até nem lhe presta muita atenção porque tem ainda muitos doentes para observar. A mesma senhora dizia que podia não ir sempre à mesma farmácia. É verdade mas também se observa que há muitos utentes que estão fidelizados sempre à mesma farmácia e até há, hoje em dia, farmácias que implementaram um programa de acompanhamento dos utentes o que permite ter, na farmácia, um registo de toda a terapêutica e todos os problemas associados ao doente e à sua terapêutica. E eu vejo tantas prescrições que me mostram que há médicos que não conhecem bem os doentes. Só não dou exemplos porque este desabafo já vai longo. Estes assuntos deixam-me fora de mim.
P.S. - Gostava de ser uma mosca para ouvir as conversas entre o Sr. Presidente e a filha e a nora, ambas farmacêuticas.

4 comentários:

Jorge Freitas Soares disse...

Agora já sabemos o que significa governação activa...

Jorge

blue eyes disse...

Loby.ratórios - 1
Doentes - 0

Como é que este país irá em frente, se os lobys e o capitalismo é que governam. Tu melhor que eu saberás certamente de todas as participações em congressos, e de todas as ofertas encapotadas que os laboratórios oferecem em troca da prescrição de determinadas marcas.
Se os medicamentos são aprovoados pelo princípio activo, então porque não aprovar esta medida. Que diferença faz se caixa tem o nome de Manel, Jaquim, Zé, ou do princípio activo, se o que está lá dentro é na maioria dos casos a mesma coisa, mas apenas com um fato deiferente. Nem todos podemos calçar sapatos Prada, e vestir fatos de corte italiano, e nos medicamentos se calhar nem todos podemos pagar para a caixa ter um nome XPTO, que acaba por não ter interesse, se o que contém, nasceu nas mesmas palhas do XOPT e são ambos filhos dos mesmos pais.

aespumadosdias disse...

2231346 eleitores votaram nele, agora aturem-no.

Sofia disse...

Por acaso os melhores conselhos relativamente a medicamentos foram dados por farmacêuticos...
Beijinhos,
Sofia

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